Sifu Marcos

 Treino artes marciais desde os cinco anos de idade. Comecei sob clã da família Queiroz, do Judô, e comecei o Wing Chun de forma autodidata aos doze anos, enquanto ainda praticava Karatê Shotokan com Sensei Waldemir Santana. Eu estava maravilhado com um livro chamado “O Kung Fu de Bruce Lee”, do escritor Best Seller Marco Natali; aos quinze anos comecei de fato uma prática com o Sifu Alberto França, sob o mesmo estilo do escritor, grande responsável pela popularização da luta no Brasil. Aos dezoito anos  comecei a dar aulas profissionalmente. Finalmente pude me considerar um integrante na família Wing Chun formalmente a partir do momento em que fui aceito por meu falecido Sifu Li Hon Ki, trazido por mestre França e que também se convertera em seu estudante. Aos vinte e dois me tornei seu aluno particular e com ele estudei até os trinta anos, quando aprendi sua forma Bat Cham Dao.

Aos quarenta e um anos, depois de treinar esporadicamente com outros mestres da oitava e sétima geração, incluindo dois alunos de Ip Man, este último com quem meu Sifu original conviveu e estudou informalmente, tornei-me estudante de Sifu Gorden Lu, sobrinho neto do referido Patriarca e com ele tive acesso total aos princípios e conceitos mais profundos desta luta, bem como seus métodos  de treinamento, e estudo com ele até hoje. Em todo este tempo de busca, da adolescência até aqui, estudei, ganhei e perdi lutas em diferentes artes marciais. 

Tenho título estadual como lutador, escrevi um livro básico sobre a luta publicado em todas as bancas do país, lutei em situações de defesa pessoal, treinei delegados e policiais da minha cidade, participei do primeiro congresso de artes marciais da internet brasileira representando o Wing Chun, ajudei a tornar o nome da linha de meu Sifu muito conhecido no país, em especial nos últimos quinze anos, onde passei de escritor sob pseudônimo a articulista e moderador dos dois maiores fóruns de artes marciais chinesas em língua portuguesa associadas ao meu estilo na internet.


Sifu Marcos, hoje estudante de Sifu Gorden Lu (D), estudou durante muitos anos com Sifu Li Hon Ki (1952-2016). bonita imagem que honra este legado feita pelo designer Danilo Barbosa. 


Daqui a apenas dois anos eu terei o triplo de tempo de vida do que tinha quando comecei a praticar essa luta ainda criança. Muitos de meus alunos usaram nosso estilo para se defender em situações de agressão, derrotando seus adversários de forma rápida e decisiva, quase sempre por nocaute. Pude treinar atletas profissionais, incluindo lutadores do UFC, alguns deles foram campeões de Muay Thai e Kung Fu. Pude treinar e formar alguns discípulos de meu mestre tão bons quanto eu, mas que não tiveram chance de sair ao exterior. Alguns de seus alunos foram campeões com técnicas que eu trouxe e difundi pioneiramente no Brasil com alguns de meus irmãos kung fu. Ensinei profissionalmente, e também de graça a quem não podia pagar e faço isso até hoje, dentro das minhas possibilidades, visando o bem estar de minha família filial e marcial acima de tudo. A arte se tornou naturalmente a minha profissão, mas eu não ensino apenas por dinheiro. Eu ensino o que é a minha rotina e vivo todos os dias há décadas. meu corpo, meu comportamento e atitudes refletem em muito meus hábitos enquanto praticante de Wing Chun. 

Treino em uma pequena academia sediada na mesma rua arborizada onde viveu o escritor brasileiro Jorge Amado, em Salvador, a segunda cidade mais iluminada do mundo, cidade-mãe e terceira maior do Brasil, e dou minhas aulas ao som dos pássaros e dos poucos carros que por esta ladeira passam, e eventualmente ouvindo rock’n’roll. Busco com humildade, porém com um desejo inabalável, um dia chegar à total mestria dessa arte, e enquanto este dia não chega faço tudo ao meu alcance para divulgá-la nos intervalos do treinamento, pois sei dos benefícios que sua simples prática pode trazer à humanidade. Contudo, também sei que se ela é uma arte para todos, nem todos são para esta arte; ela escolhe os seus, e não há nada de errado com isso. Wing Chun trata-se de uma peculiar expressão psicomotora do Kung Fu, corrente do pensamento estratégico chinês que ensina acima de tudo a viver uma vida focada naquilo que é mais essencial.

Sejam bem-vindos e aproveitem a leitura.

Marcos de Abreu